Olá. Bom todo dia!
Destaco que não estou preterindo a forma usual ou os termos técnicos da ciência contábil, pois quem exerce a gestão usando as ferramentas contábeis (espero que todos) já está familiarizado com a dinâmica dos Ciclos (Econômico, Operacional e Financeiro). Eu desenvolvi uma forma de organizar e ordenar o cenário operacional com o objetivo de reduzir a necessidade de busca de financiamento externo (empréstimos). Ao mesmo tempo isso possibilita determinar uma possível distribuição de resultado / lucro.
O conceito do Ciclo de Venda do Capital de Giro, como já expliquei na postagem original, é o período / tempo de vida de um produto na empresa (semelhante ao ciclo operacional).
Ele deve ser considerado quando ocorre o primeiro desencaixe, isto é, quando o primeiro pagamento, devido pela compra do produto, é efetuado determinamos como sendo a data de início do CVCG.
O próximo ponto importante é determinar a data final de vida do produto, que ocorre exatamente quando recebemos a última parcela do último item vendido.
É importante entender bem isso: o CVCG inicia com o pagamento inicial / compra e encerra com recebimento total / venda.
Este é o período em que o Capital de Giro estará total ou parcialmente empregado no estoque e, por isso, ele estará total ou parcialmente estagnado.
Aqui cabe um esclarecimento que é determinante no quesito de automação das informações e explica porque não é possível fazer isso sem usar um sistema. É provável, aliás bem provável, que um produto seja reposto e isso crie dificuldades adicionais para determinar o CVCG de forma correta. Se o controle é automatizado é muito fácil e prático apurar isso (ou ao menos deve ser).
Vamos ao exemplo prático:
1. Compramos 100 unidades de um produto; condições de pagamento 25% no pedido e saldo em 21 / 35 / 49; Entrega em 40 dias; Atribuo o preço de venda (precificação) e tenho como condições usuais à venda em 3 x fixas no cartão de crédito (sem antecipação).
2. Estipulamos a data de início em 14/04/2020.
3. Verificamos, nesse momento, que três parcelas (¾) do Capital de Giro utilizado nesta operação ficará estagnado no mínimo por 40 dias. Vou demonstrar num esquema com valores onde a compra estipulada é R$1.000
a. À vista (1/4) (-) R$250 no CG/caixa (=) R$0 produtos no estoque
b. 21 dias (2/4) (-) R$250 no CG/caixa (=) R$0 produtos no estoque
c. 35 dias (3/4) (-) R$250 no CG/caixa (=) R$0 produtos no estoque
d. 40 dias (-) R$0 no CG/caixa (=) R$1.000 produtos no estoque
e. 49 dias (4/4) (-) R$250 no CG/caixa (=) R$1.000 produtos no estoque
4. Se às vendas atenderem uma expectativa otimista ocorrerá conforme segue:
a. 30% dos produtos nos primeiros 7 dias = 47 dias após o início
b. 25% dos produtos em até 30 dias = 70 dias após o início
c. 20% dos produtos em até 60 dias = 100 dias após o início
d. 15% dos produtos em 90 dias = 130 dias após o início
e. O restante em até 180 dias = 220 dias após o início
5. É aqui que começamos a entender o período / tempo de vida do CVCG. Vamos ao detalhe:
a. A última venda foi efetuada 173 dias após o recebimento dos produtos à 213 dias após o início;
b. Condições de venda efetivadas em 3 x no cartão (sem antecipação), isso levará o último recebimento para mais 90 dias o que será em 11/02/2021.
c. Transcorrerão 303 dias desde a data de início do CVCG.
Este é o caso de 1 (um) produto. Apenas 1 (um). E com CVCG bastante longo.
Em uma empresa poderemos ter casos com CVCG reduzido ou até negativo. Isso determinará quantos ciclos e quantos dias por ciclo será mais adequado para montar o mapa do Capital de Giro renovável mensalmente.
No exemplo (real) que usei no blog determinamos 6 (seis) ciclos, sendo o mais longo com 85 (oitenta e cinco) dias. Isso viabilizou planejar a possibilidade de retirada de lucros a cada 2 (dois) ciclos completos, justamente porque a renovação do Capital de Giro é rápida. A empresa estudada, naquele momento, apresentava excelente condição comercial o que foi determinante nessa definição.
No exemplo (também real) que apresentei aqui, neste estudo resumido de caso, a situação é diferente. A condição final encontrada foi que determinamos 5 (cinco) ciclos, com uma característica incomum porque o ciclo mais longo tem 244 (duzentos, quarenta e quatro) dias. Com agravantes o que aponta para uma situação quase irremediável:
a) excesso de liquidações / descontos = 35% (trinta e cinco) dos produtos foram vendidos abaixo do preço indicado;
b) alto índice de trocas / devoluções = 14% (quatorze) de tudo que foi vendido sofreu com retrabalho comercial;
c) sobras de estoque em 17% (dezessete) = excesso de Capital de Giro estagnado!
É importante entender que essa análise de ciclos deve ser efetuada no mínimo 2 (duas) vezes ao ano, para mantermos atualizados as médias, e facilitar o entendimento do complexo cenário do Ciclo de Venda do Capital de Giro.
Faço 3 observações sobre o método: 1) este exemplo apresentado aqui nesse tema específico não aponta nem a existência, tampouco, uma continuidade do ciclo; 2) é apenas a demonstração do que ocorre com 1 (um), apenas 1 (um) produto na sua própria linha de existência; 3) então alerto que antes de me questionar que o modelo está errado, pois tem que adicionar as contas a receber, etc... informo que isso é abordado quando trato do Fluxo de Caixa ou do Capital de Giro.
Faça mais! Faça melhor! Conte comigo!
Teoria da obviedade
“Em qualquer problema
ou situação tudo muda exceto a resposta ou resultado”.