O que torna o cidadão refém do estado é a impossibilidade de escolher. Explico. Quem escolhe o profissional que vai atender ao cidadão é o concurso público, ou seja, a capacidade de passar em uma série de provas. Essa definição será permanente por um longo ciclo, tirando assim a possibilidade do cidadão fazer escolhas por todo esse longo ciclo. E a que escolhas eu me refiro? A escolha simples por um médico, um professor, uma clínica, uma escola, um hospital, uma universidade.
A evolução dos acontecimentos tecnológicos tem nos colocado um apetitoso mundo de opções. É possível optar por quase tudo. Fazemos escolhas de forma tão simples, tão prática, até eficiente, para uma infinidade de coisas. Menos nos serviços públicos. Esses são definidos por meio de concursos públicos que escolhem quem irá nos atender por um longo ciclo. Tudo muda, evolui, aperfeiçoa menos o serviço público no seu longo ciclo.
Alguém nesse ponto da leitura pode estar pensando que o serviço público também está usando tecnologia. Sim, está! Mas não oferece ao cidadão a oportunidade de escolher. O serviço público e o seu longo ciclo de atendentes não nos oferece escolhas! As melhoras tecnológicas estão ligadas visceralmente ao que o outro grupo de limitadores de escolhas os eleitos, ou encostados nos eleitos escolhem por nós. Pense bem nisso: não existe possibilidade de escolha mesmo quando troca o inquilino na prefeitura, no governo do estado ou na presidência, o serviço sempre será atendido por quem está no longo ciclo.
Eu tenho uma ideia que pode facilitar a vida dos inquilinos do voto e permitir a esses que façam a diferença que almejam fazer. A ideia é simples e óbvia! E de tão simples e óbvia parecerá impraticável, pois o costume de não fazer escolhas está impregnado no cidadão. Assim eu proponho ao cidadão que pense em si mesmo como usuário. Entendeu? Usuário da mesma forma que usa os infinitos aplicativos de celular. Usuário. Aquele que escolhe qual smartphone quer, qual aplicativo e, por isso, está acostumado a fazer escolhas. Certas e erradas. E, por fazer escolhas, quando acerta mantém e quando erra troca, muda, modifica. Agora entendeu? Você que lê isso pode se transformar em usuário de serviços públicos. Exemplos a seguir...
Pense na escolha com a seguinte situação: você tem um cartão com crédito e pode escolher onde quer ir fazer a consulta oftalmológica. Isso mesmo. Com um cartão com crédito você pode escolher em qual médico você quer ir, pode escolher ir naquele médico que o seu amigo ou sua prima disse que é muito bom. E você vai lá e faz a consulta. Você escolheu. E se você gostou você indica para outras pessoas e retorna quando precisar, mas se você não gostou não precisa retornar. Escolhe outro e não retorna naquele médico onde não foi bem atendido ou acolhido. E isso serve para exames e todos os procedimentos que hoje são oferecidos de forma precária pelo serviço público, e pelos atendentes em seu longo ciclo.
No parágrafo anterior eu disse que o usuário tem um “cartão com crédito”. O que seria esse cartão com crédito? Esse cartão é a autorização de consulta que será fornecida pelo órgão de saúde publica ao usuário cadastrado e qualificado para tal. Mediante o uso da tecnologia progressiva com tudo interligado não será necessário ir no local pedir uma ficha para atendimento. O pedido é feito em um aplicativo e é autorizado da mesma forma. Esse “cartão com crédito” pode ser usado em todos os locais credenciados, pois será garantido pelo serviço público. Não teremos mais a necessidade de atendentes em seu longo ciclo aprovando para que outros atendentes em seu longo ciclo forneçam um serviço de péssima qualidade.
Hoje temos tecnologia para fazer isso tudo funcionar. E funcionando vai reduzir os custos como em todas as empresas privadas. E, como em todas as empresas privadas, as oportunidades para mudar, evoluir, aperfeiçoar serão permanentes, constantes e imediatas. A ideia, como mencionei antes, é simples e óbvia precisando apenas ser trabalhada em camadas de implementação com integração ao setor privado. Usei o exemplo da saúde por ser talvez o que mais apresenta defasagem em tudo, mas isso funciona para todos os serviços em que o poder público provém algum serviço e o cidadão pode fazer sua opção.
Vale a pena pensar (ou sonhar) que os usuários são os melhores cidadãos pelo fato de terem oportunidade e capacidade de escolha o que é melhor para cada um.