A missão continua: Entregue os anéis para salvar os dedos!
Os dias de escuridão fazem parte do processo de aniquilar com o próprio futuro. Eles iniciam no resplandecer da ideia empreendedora, estarão presentes no nascimento da empresa e acompanharão o dia a dia do negócio. Os dias de escuridão não causam e tampouco sucedem ao assassinato da própria empresa, mas quanto mais curta for a duração dos dias de escuridão maiores serão as chances de salvar os próprios dedos...
O que é preciso compreender sobre os dias de escuridão é que essa é uma visão crítica sob o ponto de vista da falta de ampliação do conhecimento. Eu divido o conhecimento necessário em 3 tipos essenciais:
- conhecimento de si próprio;
- conhecimento dos procedimentos de uma empresa;
- conhecimento do que não é controlável.
A escuridão só sairá da sua porta quando os caminhos do conhecimento forem acessados e desbravados, pois desta forma será possível avançar na descoberta do conteúdo existente em qualquer uma das áreas. E mesmo não sendo obrigatório acessar todos os caminhos é aconselhável fazê-lo porque com isso elimina-se à sensação de que está faltando algo para oferecer equilíbrio, serenidade e, porque não, paz.
O caminho do conhecimento de si próprio é a chance para ajustar atitudes comportamentais; é a hora de desenvolver aquilo que se acredita verdadeiro; é o momento para encontrar e melhorar suas habilidades natas; é a oportunidade para adquirir capacitação ao novo mundo que se aproxima. O caminho do conhecimento dos procedimentos de uma empresa é o que tornará o êxito possível; é o que eliminará o improviso; é o que possibilitará fazer planos futuros; é o que viabilizará as decisões fáceis ou as difíceis. O caminho do conhecimento do que não é controlável é o momento de confrontar seus próprios limites; é a ocasião para entender o que realmente é importante; é o que fornece condições para liderar pessoas.
No meu caso faltou eu ter o que fazer no domingo à tardinha. Depois da famosa e apreciada soneca para aquele providencial descanso do churrasco familiar, eu sentava no sofá e simplesmente deixava o tempo passar assistindo televisão. Eu relativizei a minha própria cultura e paguei um alto preço, muito alto.
Em alguns momentos de angústia o espelho refletia uma imagem opaca e vazia. Uma imagem completamente opaca e totalmente vazia. Opaca por eu não saber o que significava o reflexo que eu olhava. Vazia por eu não entender do que se tratava aquela imagem que eu olhava. Uma imagem opaca e vazia onde eu não percebia o cansaço de uma mente fadigada, exaurida. O desconhecimento sobre si próprio causa isso, causa essa inépcia. Inépcia para compreender o que está afetando o próprio estado anímico, e que acabará atingindo de forma brutal o corpo físico.
A tardinha pode ser qualquer horário. A televisão pode ser qualquer outra coisa. O que não se altera é o tempo que passa e a oportunidade perdida para melhorar a si mesmo. Lazer e distração são extremamente necessários e fundamentais para que o pleno potencial seja alcançado. Mas lazer e distração não podem ser confundidos com letargia. A letargia é o principal ingrediente dos dias de escuridão, pois quando não criamos obstáculos para algo é comum que isso se amplie e fortifique. A permanência em algum campo letárgico, onde o conhecimento não é buscado, amplifica todo o potencial de expansão dos dias de escuridão criando o ecossistema perfeito, e necessário, para que o processo de assassinato da própria empresa inicie.
Por que o livro fica fechado? Ou por que o curso foi interrompido? Porque à ausência de propósito está comandando o jogo! O livro não lido, bem como o curso interrompido, são os exemplos do desinteresse pela ampliação do conhecimento. Como então saber o que fazer e para onde olhar quando não se fez nada quando podia. Fazer quando é necessário, fazer quando é o tempo correto é a chance de minimizar o erro presente ou futuro. Por isso que o avanço na ampliação do conhecimento precisa ser intenso e desbravador. Porque é o saber sobre si que explicará a razão primordial para o livro ser lido e o curso concluído.
Os inconvenientes da falta de tempo são sempre relativos ao tempo total que se deseja nada fazer para si próprio. Eu arranjo tempo para tudo que se torna importante, imprescindível. É assim ou não é? Eu arranjo tempo quando eu quero esse tempo. Alegar falta de tempo não irá resolver nenhum problema que será criado pela falta de conhecimento. Uma das características da ampliação do conhecimento é justamente a organização de forma eficiente e eficaz do tempo. A síntese da nova dinâmica criada por mais instrução, por mais cultura é justamente uma ordenação maior sobre como consumir o próprio tempo.
Cada um achará um propósito específico para travar suas batalhas ou enfrentar seus demônios. Essa disposição terá que ser constante, diária. Existe um oceano de incertezas e uma pequena ilha com respostas prontas que poderão ser usadas. Esta ilha será expandida transformando-se num arquipélago ou até num continente se as portas do conhecimento forem destravadas. Mas, em contrapartida, essa mesma ilha sucumbirá e afundará no oceano de incertezas se o propósito não for posto à prova. À ausência dos retumbantes sons internos impelindo-nos ao bom combate, acaba por produzir um constrangedor e austero silêncio típico de um cortejo fúnebre.
Não existe prioridade maior do que ser melhor hoje do que fui ontem. Se você acredita que isso não faz diferença agora pense como será o amanhã. Estamos, hoje, na metade do ano de 2020 e eu pergunto: se houvesse uma previsão concreta sobre essa terrível pandemia a exatos 365 dias atrás o que você faria? Já pensou nisso? Quais dilemas fariam parte da sua vida? O que você teria feito de diferente, nesse espaço de tempo, para estar numa condição melhor hoje? Entenda que nem eu, nem você e, talvez, ninguém no planeta saiba quando acabará e qual será o resultado obtido ao final dessa terrível pandemia. A única coisa certa é que os dias continuam com 24 horas e, com isso, com essa certeza, nós temos tempo para ampliar o conhecimento para lidar com o que ainda virá pela frente e minimizar o impacto dos dias de escuridão.
Eu sacrifiquei muitas coisas tardiamente por não ter dado a importância necessária no tempo correto. Desperdicei auxílio; dispensei apoio; rechacei ajuda por nem saber que precisava. A escuridão que eu permitia era muito densa, profunda. Eu tinha certezas intransponíveis e, ao mesmo tempo, inatingíveis. As coisas oscilaram por muito tempo até eu finalmente ceder a necessidade de aprimoramento da minha capacidade, mas o bom é que depois da primeira provinha não parei mais.
À minha natureza, aquela aptidão nata foi ampliada, muito ampliada, ao mesmo tempo em que fui acessando e desbravando as portas do conhecimento. Saber sobre si; saber sobre negócios; saber sobre limites e continuar aprendendo dia a dia propicia uma confiança adicional concedida pelo bom preparo. O bom preparo facilita que as coisas se aproximem, se encaixem umas nas outras; as pistas aparecem durante a investigação; os questionários surgem ao mesmo tempo que as dúvidas; os sonhos passam a ser projetos; os projetos tomam forma ou são descartados; os caminhos certos começam a fazer parte das opções; as pessoas preparadas atraem outras pessoas preparadas.
Os dias de escuridão podem ter fim. E o fim pode ser a qualquer momento. Acabe com os dias de escuridão agora!
Conte comigo!
*** Publicado em 2020 na época da pandemia ***