Primeiro deixo claro que já fui “diretor” e “sócio-gerente”, não cheguei a usar “CEO”, mas estive perto. Olhando para isso, nos dias de hoje, vejo como uma brincadeira esse tipo de autodefinição usada em cartões de visita ou aplicada na hierarquia de comando indicando que a referida pessoa é tal autoridade na empresa. Status é algo que deve ser abolido num negócio. Status é uma doença mortal. Status aniquila boa parte das oportunidades na vida profissional, pessoal ou social.
Focando apenas no ambiente profissional: será que sou só eu que acho isso bem engraçado ou é mesmo um assunto sério? Falando francamente “Diretor” é muito esquisito. Me remete ao conceito de quem fica observando outras pessoas atuarem num cenário de ficção, fingindo que fazem algo que não muda nada ao final das contas. Não me soa bem. É excêntrico. Numa organização de grande porte até pode ter algum sentido, mas deve ser pensado com bastante carinho, com muita reflexão, e se for mesmo necessário use uma letra bem pequena no cartão de visita e, sob hipótese alguma, usa abaixo do nome. Reserve o espaço nobre, próximo ao seu nome, para aquilo que é extremamente necessário para fazer contato, ou seja, os meios para conseguir encontrá-lo com alguma facilidade.
A ideia geral desse tipo de autodefinição é um conceito antigo que traz implícito a qualificação daquele que é dono da empresa ou muito próximo deste. E, ainda nesse mesmo conceito, está subentendida a expectativa de que o “diretor” vá apontar o caminho, ou dar a diretriz, ou conduzir. Ainda nessa linha e ampliando a ideia confusa temos a expressão atemorizante e assustadora: “A Direção”. Sempre que existe alguma coisa delicada a ser apresentada e ninguém quer assumir a situação de forma direta emerge das sombras do poder “A Direção” funcionando como um escudo. Um parco escudo é claro, pois sempre que surge “A Direção” informando algo, todos sabem quem é que apresentou tal situação.
Escrevi sobre organização geral de uma empresa com foco no organograma. É uma coisa simples, mas que alerta para a obrigação de clarear as coisas dentro da empresa com relação ao poder e a responsabilidade. É imprescindível ao dia a dia do negócio que a linha de comando seja clara e límpida. As pessoas que, por qualquer motivo, estejam envolvidas com as atividades e operações da empresa se sentem mais seguras quando detectam com quem devem se relacionar para atender suas dúvidas ou necessidades.
Então “A Direção” ou “Diretor” e seus sinônimos são coisas ruins numa linha de comunicação. São equívocos, erros crassos e quase grosseiros, prepotentes. Devem ser abolidos pelo bem do negócio. Não caia na tentação de ser poderoso no cartão de visitas...
Sorte, sucesso e escolha a direção certa no próximo ano! Conte comigo!