O que significa o ciúme numa relação amorosa todos sabem. Agora imagine o que é o ciúme da capacidade pessoal numa relação de negócios entre duas ou mais pessoas. Essa relação pode ser uma sociedade, ou pode ser na relação de trabalho, ou ainda pode ser uma relação de parceria, enfim podem ser muitos os caminhos desta ligação, mas é extremamente doloroso e complexo quando àquilo que destroça a confiança, trunca a comunicação e encaminha para o desgaste do relacionamento seja uma coisa tão banal como o ciúme.
Não são poucos os casos de empresas que ruíram, como um castelo de areia, baseado no ciúme de um sócio com a projeção profissional do outro. É algo pavoroso quando isso acontece. É incontrolável. É mais forte do que qualquer coisa. O ciumento prefere correr o risco de perder tudo apenas para não deixar o outro seguir um caminho onde o reconhecimento pelo seu valor será marcante. Eu vi isso acontecer, presenciei o desenrolar dos acontecimentos e o colapso total da empresa. E ainda soube de inúmeros outros casos semelhantes onde a base da discórdia era o ciúme pelo sucesso do outro, mas não apenas no desempenho das funções profissionais, também por administração e expansão do patrimônio individual e, num caso quase bizarro, o ciúme de um sócio foi ao ponto extremo de tentar interferir no núcleo familiar do outro.
Infelizmente não se restringe apenas nas opções acima a marca corrosiva do ciúme. Essa situação também está presente nas relações entre empregador e empregado. É bem comum. Acredite. É mais fácil identificar na área comercial, pois ela fica evidente quando um bom vendedor começa a se destacar. Muitas vezes é como se ele assinasse, nesse momento, a sua sentença de morte na empresa, é quase como um desligamento automático. Nesse caso o ciúme tem a característica financeira, pois um vendedor que consiga obter sucesso tende a ter um crescimento sustentado e significativo em seus ganhos como fruto da sua própria competência. E esse, invariavelmente, é um problema para alguns tipos de patrões mesmo não sendo o único. Tratei desse tema
aqui e
aqui. Nunca esquecendo que empresas familiares são ciumentas por natureza, principalmente quando não seguem um modelo de
gestão controlada.
Gestores competentes em qualquer área tendem a ter projeção no seu meio e na sociedade. Não raro são convidados para levar sua capacidade pessoal como participantes efetivos em associações de classes profissional, ou organizações de classes empresariais, ou em cursos de formação universitários, ou como palestrantes. Enfim são inúmeras as oportunidades que uma pessoa competente oportuniza a si mesma e, como consequência, também pode proporcionar isso à empresa em que trabalha, ou em que é sócio. Desde que os ciúmes de seus eventuais empregadores ou sócios seja controlado.
Entre parceiros de negócios também costumamos ter ocorrências de ciúme, em menor escala e mais direcionado ao fator econômico, pois as parcerias costumam ser pontuais, eventuais e quando acontece de ‘pintar um ciúme’ é quase imperceptível a não ser pelo fato de que sem um motivo factível, assim de repente, um parceiro costumeiro passa a operar nos projetos com novos parceiros. Mas é mais difícil detectar esta situação de forma clara.
O ciúme da capacidade pessoal é algo que me estarreceu quando tomei conhecimento. Fiquei chocado ao perceber isso. Em algumas ocasiões sugeri um processo de ampliação dos debates e aprofundamento da comunicação entre os sócios, ou dos sócios com seus subordinados para acalmar o ambiente. Reconheço que naquela época eu não possuía as melhores ferramentas técnicas para auxiliar de forma mais impactante meus clientes. Gostaria que algumas empresas tivessem sobrevivido, pois a combinação profissional das pessoas envolvidas era significativa, havia sinergia em capacidade e conhecimento, as coisas poderiam ter sido tratadas de uma forma que o negócio florescesse ao invés de sucumbir ao ciúme.
E você é o ciumento ou objeto do ciúme? Espero que nenhum dos dois...
Sorte, sucesso e conte comigo!